Marah - Angels Of Destruction
Esta será provavelmente a melhor banda que ninguém conhece da América. Foi algo deste género o que disse um dos escritores da revista Entertainment Weekly, há uns anos atrás, para justificar a escolha do anterior álbum dos Marah como o melhor de 2005 para aquela publicação.
Não sei se serão a melhor banda desconhecida da América, mas que pelo menos a parte do desconhecido se mantém mais ou menos actual (neste lado do Atlântico), é certo.
E que este “Angels Of Desctruction” é um disco que foge da mediania também não necessitará de mais comprovação que a primeira audição do disco.
Mas afinal o que se pode ouvir aqui, sob a batuta dos irmãos Dave e Serge Bielanko, mentores e membros fundadores da banda? Nas palavras de Dave: “This new music was Rock'n'Roll, it was Folk, it was Punk, it was smart, sad, funny and perfect in every way”.
Canções com pés e cabeça. Melodias simples e cativantes. Pouco experimentalismo a dar prioridade à harmonia das músicas. Rock misturado com pop e emaranhado em folk e country (não é de estranhar, portanto, que o Boss já tenha colaborado com eles). E a mim, pessoalmente, faz-se ouvir a vontade de uma viagem coast-to-coast pela América num descapotável.
Logo a abrir “Coughing Up Blood” e “Old Time Tickin’ Away” dão o mote para a faceta rock dos Marah. Na primeira, o lap steel faz-se introduzir acompanhado de coros e um som algo pagão ao jeito dos Bad Seeds cresce no ar, deixando nos lábios um certo sabor de esquizofrenia saudável e gingona (não sei se isto existirá...eventualmente?!). Direito a harmónica na parte final da música. A segunda ganha em luminosidade, a que não será alheia uma postura mais pop da voz, dissimulada coerentemente no meio das malhas de guitarra e secção rítmica rockeira.
A este som mais próximo da sonoridade rock voltam em “Wild West Love Song”, tema quente e mexido, com o rufar da tarola a exigir ao corpo que não permaneça quieto, e “Wilderness”, esta com aproximações ao southern rock por força do ritmo dos teclados e das guitarras, suportados pelo sincronismo do baixo e da bateria a pautar o andamento galopante. Também os Rolling Stones são evocados algures lá pelo meio. Curioso é mesmo ouvirem-se por aqui gaitas de foles algures, a definir uma visão holística da música como forma de expressão sem tempo e sem pátria.
“Angels On A Passing Train” traz consigo um riff de guitarra pegajoso no início, desenvolvendo-se numa música que se poderia ouvir na banda sonora de um filme do Tarantino. Travo latino dos teclados e restantes instrumentos a flirtar com a melodia mainstream da voz dos refrões. Folk-rock tango? . “Smoke levitates away from us, like faces in a queensbound bus/ Holding your hand i'm an imperfect man with God on his side, somehow...someway...”; e a delícia do título da canção. Em “Santos De Madera” encontramos o single virtual deste verão, caso os Marah se ouvissem por cá (curioso que aqui ao lado em Espanha tenham uma legião de fãs). Ritmo a piscar o olho à rádio, la la las, versos que se colam à língua, ao cérebro e à pele.
Puxando mais a sonoridade para o folk e o country aparecem “Jesus In The Temple” e “Can´t Take It With You”, música de saloon com o upgrade de algumas dezenas de décadas a incluir instrumentos eléctricos. De qualquer maneira não tenho dúvidas, lá está ao balcão o xerife de coldre à cintura, jogam-se cartas naquele canto e passa uma mulher com um espartilho que faz os seios chegarem ao queixo! “Angels Of Destruction”, tema-título do álbum aproxima-se de Springsteen, a banda a soar como um todo coeso e a eliminar qualquer tentativa de sobreposição seja de que instrumento for, rock simples a fluir sob a estrutura de uma canção.
É o sabor a terra o que se desprende de “Songbirdz”, com uma tonalidade acústica a ecoar no ar; música de alpendre, portanto. Também não falta aqui uma balada de apertar o coração, claro. Tarefa nem sempre fácil de ser cumprida de modo competente, a sonoridade a la recentes Wilco de “Blue But Cool” atinge o alvo eficazmente, conseguindo estabelecer um estado de alma algo melancólico.
Este é indubitavelmente um disco de temas...religião, redenção, beleza, tristeza, dor, perdição, alegria. Talvez por ser tudo isto, que curiosamente é também o que nos faz humanos, seja tão “fácil” de ouvir. Embora só se descubra a sua plenitude ouvindo mais vezes e com atenção redobrada. Como se fosse uma daquelas pessoa de quem é muito fácil gostar-se, mas que quando conhecemos melhor, gostamos ainda mais!
Ou nas palavras, para mim algo exageradas, do USA Today, “A rock'n'roll album of biblical proportion”.
Não sei se serão a melhor banda desconhecida da América, mas que pelo menos a parte do desconhecido se mantém mais ou menos actual (neste lado do Atlântico), é certo.
E que este “Angels Of Desctruction” é um disco que foge da mediania também não necessitará de mais comprovação que a primeira audição do disco.
Mas afinal o que se pode ouvir aqui, sob a batuta dos irmãos Dave e Serge Bielanko, mentores e membros fundadores da banda? Nas palavras de Dave: “This new music was Rock'n'Roll, it was Folk, it was Punk, it was smart, sad, funny and perfect in every way”.
Canções com pés e cabeça. Melodias simples e cativantes. Pouco experimentalismo a dar prioridade à harmonia das músicas. Rock misturado com pop e emaranhado em folk e country (não é de estranhar, portanto, que o Boss já tenha colaborado com eles). E a mim, pessoalmente, faz-se ouvir a vontade de uma viagem coast-to-coast pela América num descapotável.
Logo a abrir “Coughing Up Blood” e “Old Time Tickin’ Away” dão o mote para a faceta rock dos Marah. Na primeira, o lap steel faz-se introduzir acompanhado de coros e um som algo pagão ao jeito dos Bad Seeds cresce no ar, deixando nos lábios um certo sabor de esquizofrenia saudável e gingona (não sei se isto existirá...eventualmente?!). Direito a harmónica na parte final da música. A segunda ganha em luminosidade, a que não será alheia uma postura mais pop da voz, dissimulada coerentemente no meio das malhas de guitarra e secção rítmica rockeira.
A este som mais próximo da sonoridade rock voltam em “Wild West Love Song”, tema quente e mexido, com o rufar da tarola a exigir ao corpo que não permaneça quieto, e “Wilderness”, esta com aproximações ao southern rock por força do ritmo dos teclados e das guitarras, suportados pelo sincronismo do baixo e da bateria a pautar o andamento galopante. Também os Rolling Stones são evocados algures lá pelo meio. Curioso é mesmo ouvirem-se por aqui gaitas de foles algures, a definir uma visão holística da música como forma de expressão sem tempo e sem pátria.
“Angels On A Passing Train” traz consigo um riff de guitarra pegajoso no início, desenvolvendo-se numa música que se poderia ouvir na banda sonora de um filme do Tarantino. Travo latino dos teclados e restantes instrumentos a flirtar com a melodia mainstream da voz dos refrões. Folk-rock tango? . “Smoke levitates away from us, like faces in a queensbound bus/ Holding your hand i'm an imperfect man with God on his side, somehow...someway...”; e a delícia do título da canção. Em “Santos De Madera” encontramos o single virtual deste verão, caso os Marah se ouvissem por cá (curioso que aqui ao lado em Espanha tenham uma legião de fãs). Ritmo a piscar o olho à rádio, la la las, versos que se colam à língua, ao cérebro e à pele.
Puxando mais a sonoridade para o folk e o country aparecem “Jesus In The Temple” e “Can´t Take It With You”, música de saloon com o upgrade de algumas dezenas de décadas a incluir instrumentos eléctricos. De qualquer maneira não tenho dúvidas, lá está ao balcão o xerife de coldre à cintura, jogam-se cartas naquele canto e passa uma mulher com um espartilho que faz os seios chegarem ao queixo! “Angels Of Destruction”, tema-título do álbum aproxima-se de Springsteen, a banda a soar como um todo coeso e a eliminar qualquer tentativa de sobreposição seja de que instrumento for, rock simples a fluir sob a estrutura de uma canção.
É o sabor a terra o que se desprende de “Songbirdz”, com uma tonalidade acústica a ecoar no ar; música de alpendre, portanto. Também não falta aqui uma balada de apertar o coração, claro. Tarefa nem sempre fácil de ser cumprida de modo competente, a sonoridade a la recentes Wilco de “Blue But Cool” atinge o alvo eficazmente, conseguindo estabelecer um estado de alma algo melancólico.
Este é indubitavelmente um disco de temas...religião, redenção, beleza, tristeza, dor, perdição, alegria. Talvez por ser tudo isto, que curiosamente é também o que nos faz humanos, seja tão “fácil” de ouvir. Embora só se descubra a sua plenitude ouvindo mais vezes e com atenção redobrada. Como se fosse uma daquelas pessoa de quem é muito fácil gostar-se, mas que quando conhecemos melhor, gostamos ainda mais!
Ou nas palavras, para mim algo exageradas, do USA Today, “A rock'n'roll album of biblical proportion”.
Edgar Ribeiro (edribeiro@clix.pt)
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